A vigorexia é um transtorno que juntamente com a anorexia partilha uma preocupação obsessiva pela própria figura e leva a uma distorção do esquema corporal. Não é um transtorno estritamente alimentar como a anorexia e pode ser entendido como uma dismorfia corporal que nos impede de ver o nosso corpo tal como realmente é.
Quem padece deste problema faz exercício físico de forma exagerada para tentar alcançar um desenvolvimento muscular cada vez maior porque olha para si próprio como uma pessoa débil, fraca e sem nenhum atractivo físico.
Também é conhecido como Complexo de Adónis, Dismorfia Muscular, Anorexia Masculina ou Anorexia Reversa, embora estas duas últimas definições não sejam muito apropriadas pois identificam duas doenças diferentes como se fossem iguais.
Os vigoréxicos são normalmente homens que estão obcecados em ficar musculosos. São viciados em ginásios, olham-se frequentemente ao espelho, pesam-se várias vezes ao dia, fazem comparações detalhadas com outros companheiros de treino e abusam da musculação sem nunca lograr um objectivo.
Esta obsessão degenera num quadro obsessivo-compulsivo onde a pessoa se sente fracassada e abandona gradualmente as suas actividades diárias, distanciando-se dos familiares e dos amigos, deixam os empregos, sendo cada vez menos sociáveis para se dedicarem exclusivamente ao objectivo se serem cada vez mais musculosos. A este quadro junta-se um controlo férreo da alimentação seguindo dietas com alto conteúdo em proteínas e hidratos de carbono, a que se junta uma ingestão muito baixa de gorduras. É ainda frequente a presença e abuso de substâncias androgénicas e/ou anabolizantes.
Querer ter uma imagem melhor, buscar a aparência perfeita ou ser fisicamente mais atraente não implica que se sofra do Complexo de Adónis, mas aumenta as possibilidades do seu surgimento. Não se deve confundir a vigorexia com a prática habitual de desporto. Os desportos executados de forma regular conduzem a benefícios para a saúde e não implicam qualquer risco de vir a sofrer de vigorexia. Também não se deve confundir a vigorexia com fisiculturismo profissional, embora neste grupo de pessoas haja quem padeça deste transtorno.
O desenvolvimento da vigorexia está relacionado com alterações bioquímicas a nível cerebral, particularmente da serotonina, podendo os médicos usar no seu tratamento alguns fármacos que actuam sobre essas substâncias tentando levá-las a níveis normais. Por outro lado, os factores socioculturais e educativos têm uma grande influência, como por exemplo os cânones de beleza modernos e as imagens vendidas como “perfeitas”, o que somado a uma baixa auto-estima pode fazer com que o individuo queira ser cada vez mais parecido com esses padrões, o que frequentemente degenera no aparecimento de dismorfia muscular.
Sem dúvida que este é um problema grave tanto para quem dele padece, como para as pessoas que o rodeiam, sendo necessário recorrer a ajuda médica para a conseguir vencer. O tratamento é fundamentalmente do tipo psicológico, onde é proposto alterar a conduta do sujeito, recuperar a sua auto-estima e superar o medo do fracasso.
A melhor solução está na prevenção, mas é muito difícil quando se trata deste tipo de transtorno porque o seu aparecimento, tal como referimos anteriormente, depende em grande medida de factores socio-culturais. Enquanto os meios de comunicação social continuarem a glorificar valores sociais baseados na imagem e no culto da beleza acima de tudo o mais, será muito difícil prevenir este problema. No entanto, é uma árdua tarefa que pais, educadores e treinadores desportivos devem levar a cabo, educando desde a infância para diferenciar os estereótipos do culto excessivo do corpo e da imagem, do que é realmente saudável e normal para cada um no seu meio social.
Desta forma, cada um de nós pode e deve aceitar-se tal como é realmente e não aceitar as imposições dos cânones de beleza actuais.
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