Certos empregos obrigam a ter horários nocturnos. Por exemplo hospitais, aviões e meio de comunicação social, de uma forma geral, devem estar activos e a funcionar as vinte e quatro horas do dia. Não existem muitas dúvidas que com algum planeamento, é possível fazer estas jornadas laborais. Serão até muitos os que trabalham à noite, e outros tantos que dirão ser possível acostumar-se a trabalhar em horários de trabalho nocturnos. Mas a questão para a saúde é: quais os efeitos de trabalhar à noite sobre o nosso organismo?
Trabalhar por turnos torna mais difícil a tarefa de ter uma alimentação saudável. Trabalhar à noite conduz a uma necessidade de ingerir alimentos que ajudem a pessoa a estar alerta, como a comida rápida. Os especialistas são da opinião que estes horários elevam os níveis de cortisol, os quais estão associados a um aumento dos riscos relacionados com problemas cardiovasculares.
Uma investigação realizada pela Universidade de Surrey em Inglaterra descobriu que basta um único turno nocturno para criar um aumento dos valores da pressão arterial. Segundo os autores do estudo, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, a descoberta é “uma surpresa”. Os cientistas explicaram que o corpo humano tem um ritmo natural próprio e que o relógio biológico é programado para ficar activo durante o dia e dormir à noite. As mudanças provocadas pelos turnos nocturnos podem causar alterações hormonais, do humor, da atividade cerebral, da temperatura corporal e do desempenho dos atletas. Os cientistas acompanharam 22 pessoas que trabalhavam durante o dia e que foram transferidas para turnos nocturnos. Sabe-se que 6% dos genes são programados para ficar mais ou menos activos, actuando em sintonia em momentos específicos do dia. Ao trabalharem à noite, essa sintonia genética deixa de existir. “E isso explica porque nos sentimos tão mal quando estamos com jet lag ou se temos de trabalhar em turnos alternados”, sugere Simon Archer, um dos autores. Derk-Jan Dijk, co-autor do estudo, acrescenta que todos os tecidos do corpo têm o próprio ritmo durante o dia, mas que ao ficarem “acordados” à noite, perdem a sincronia, podendo causar danos a longo prazo, como aceleração do batimento cardíaco e alterações no funcionamento dos rins e cérebro.
Estudos anteriores já tinham mostrado que dormir em horas erradas do dia aumenta o risco de diabetes tipo 2, AVC e obesidade.