Os utensílios de plásticos vieram para ficar. São de inúmeras cores, feitios e estão presentes em quase todas as cozinhas. E quando queremos garrafas, pratos, talheres e copos descartáveis, o plástico é a escolha de eleição. Para além das consequência ambientais inerentes ao uso e produção excessivo de plásticos, o uso de equipamentos de plásticos poderá estar a trazer diferentes consequências para a nossa saúde.
Já há bastantes anos que se discute o efeito que alguns compostos presentes nos plásticos, em especial um composto chamado bisfenol A. Mas apesar das centenas de artigos que existem que referem os efeitos nefastos deste composto, ainda continua a ser usado.
Segundo alguns especialistas, existe uma dose de segurança (apesar de ser completamente impossível para o consumidor perceber qual a dose que está diariamente a absorver), mantendo por isso a autorização para a sua utilização. Do outro lado, segundo inúmeros artigos que referem que doses mais baixas deste composto podem ter efeitos ainda mais tóxicos do que doses mais elevadas (num claro exemplo de que para alguns compostos não é seguramente a dose que faz o veneno). Daí que a única forma de garantirmos a nossa segurança é evitá-lo.
Estudos realizados nos Estados Unidos revelam que mais de 90% dos americanos apresentam bisfenol A na urina (um sinal de contaminação), e os níveis medidos era significativamente mais elevados nas crianças e adolescentes. Foi também encontrado na placenta, no líquido amniótico e no leite materno, indicando uma contaminação intrauterina e nos primeiros meses de vida. Estudos com animais revelam que o bisfenol A é capaz de atravessar a placenta e aparentemente os níveis de bisfenol A no líquido amniótico podem ser 5 vezes superiores aos níveis encontrados noutros fluidos corporais, sugerindo uma maior exposição prenatal.
Como consumidores nós temos 2 hipóteses: ou esperamos que os diferentes especialistas se entendam (o que pode demorar anos… ) ou mudamos alguns dos nossos hábitos e começamos desde já a evitar este composto. Vejamos alguns factos sobre o bisfenol A, onde o podemos encontrar e depois decida por si o que pretende fazer.
Tabela de Conteúdos
Disruptor endócrino
O bisfenol A é considerado um disruptor endócrino, ou seja, é uma molécula externa ao organismo que é capaz de interferir com a síntese, secreção, transporte, metabolismo, ação ou eliminação das nossas hormonas. Todos os sistemas fisiológicos sensíveis à ação hormonal estão vulneráveis à ação destes disruptores endócrinos, incluindo o cérebro e o sistema neuroendócrino, a tiroide, o sistema cardiovascular, a glândula mamária, o tecido adiposo, o pâncreas, o ovário e o útero na mulher e os testículos e próstata nos homens.
Infelizmente, o bisfenol A é apenas uma, das centenas de moléculas que atualmente são classificadas como disruptores endócrinos, e que diariamente podemos estar a absorver.
Efeitos associados ao bisfenol A
Alterações no desenvolvimento da estrutura da mama.
A exposição o intrauterina a bisfenol A foi capaz de induzir alterações nos oócitos, podendo alterar a fertilidade.
Aumento do tamanho e aumento do risco de cancro da próstata, mesmo em doses muito baixas
Tendo já foi também associado a uma maior acumulação de gordura, e parece ser ainda capaz de aumentar a produção de insulina facilitando o aumento de peso, e aumentando o risco de diabetes tipo 2 e síndrome metabólico. Num estudo realizado com 1400 adultos, foi possível associar o bisfenol A a um aumento de risco de doenças cardiovasculares e alterações hepáticas.
Em estudos animais, a exposição prenatal a bisfenol A foi associada a comportamentos agressivos, dificuldades de memória, ansiedade e hiperatividade.
O bisfenol A, em estudos animais, parece ainda ser capaz de influenciar a ação das hormonas tiroideas, mesmo quando adicionado em doses extremamente baixas.
Onde pode ser encontrado:
As principais fontes de bisfenol A são os plásticos, em especial os que têm os números 3, 7 ou a designação PC – evite por isso a sua utilização.
Visto que a libertação de bisfenol A é maior na presença de calor, evite colocar alimentos e bebidas quentes em recipientes plásticos. Lembre-se do copo de plástico das máquinas de café, dos recipientes plásticos em que lhe servem alimentos quentes, ou mesmo quando coloca o resto do jantar ainda quente num recipiente plástico.
Outra fonte de bisfenol A é o revestimento interior das embalagens metálicas (como alimentos enlatados ou bebidas de lata) – prefira as embalagens de vidro ou em papel.
Outras fontes escondidas de bisfenol A são o papel térmico (aquele papel “mais fino e plastificado”) de alguns recibos de compras ou mesmo bilhetes de avião e alguns desinfectantes de mãos. A quantidade absorvida através da pele pode mesmo ser bastante significativa.
Visto que os estudos humanos e animais estão mais centrados no efeito destes compostos durante o desenvolvimento intrauterino, estes cuidados devem ser especialmente considerados por todas as grávidas ou mulheres em idade fértil, assim como todos aqueles com patologias sensíveis à ação de hormonas sexuais e tiroideas.
Foto de Tim Samuel no Pexels