“Viver numa comunidade em que a obesidade é a norma pode influenciar ser socialmente aceitável em termos das condutas de alimentação, exercício e tamanho corporal”, explicou a autora do estudo, Ashlesha Datar. Poderá estar em jogo um fenómeno chamado “contágio social”, embora a autora tenha também chamado a atenção para o facto de não ter sido provado haver qualquer vínculo causal.
Moral da história: “Se a maioria das pessoas que o rodeiam são obesas, isso pode aumentar as suas probabilidades de ficar também obeso”, advertiu Datar, investigadora principal no Centro de Investigação Económica e Social da Universidade do Sul da Califórnia.
Datar e a co-autora, Nancy Nicosia, da RAND Corp., focaram-se nas famílias do exército porque estas deslocam-se normalmente segundo as necessidades dos militares, em vez da preferência pessoal. Isto eliminou a teoria sobre a obesidade regional que refere que as pessoas obesas se associam com outras pessoas parecidas.
Os investigadores analisaram dados de 2013-2014 de 1300 pais e 1100 crianças. As famílias estavam alojadas ou próximo de 38 instalações militares por todos os Estados Unidos.
Primeiro, a equipa reviu o índice de massa corporal (IMC) dos membros das famílias. Posteriormente, avaliaram o “ambiente partilhado” em que as famílias militares viviam ao contar a quantidade de supermercados, centros desportivos e recreativos, e coisas parecidas.
Também avaliaram a taxa geral de obesidade de cada comunidade, que variava entre 21 a 38 %.
Segundo Datar, a análise confirmou que “as famílias militares alojadas em instalações nos condados com maiores taxas de obesidade tinham maiores probabilidades de ter excesso de peso ou serem obesas do que as famílias alojadas em instalações nos condados com taxas mais baixas de obesidade”. Mas também pareceu acontecer o contrário. Instalarem-se num condado com uma taxa mais baixa de obesidade reduz as probabilidades de uma família engordar.
Datar referiu que o estudo não encontrou evidências que sugerissem que “os ambientes partilhados no bairro”, como o acesso às mesmas opções de alimentação e exercício, fomentassem as taxas de obesidade.
Por outro lado, Lona Sandon, nutricionista licenciada e professora assistente de nutrição clínica no Centro Médico da Universidade de Texas Southwestern, em Dallas, defende que na literatura sobre conduta e psicologia sabe-se que “os que nos rodeiam influenciam as condutas, os valores e as crenças. Isto inclui os relacionados com a saúde, a alimentação e o exercício. A aceitação e as normas sociais têm bastante a ver com as opções de alimentação e exercício, tenhamos ou não consciência disso”. O seu conselho é: “se quer perder peso e mudar os hábitos de alimentação e exercício, então procure novos amigos que comam mais saudavelmente e façam exercício”.
Este estudo foi publicado na revista Journal of the American Medical Association.