O Papel das Escolas na Alimentação dos seus Filhos

O Papel das Escolas na Alimentação dos seus Filhos

O Papel das Escolas na Alimentação dos seus FilhosA escola apresenta um papel primordial na obtenção e aprendizagem de comportamentos da criança em sociedade. Um desses comportamentos são aqueles relacionados com a alimentação, de modo a que a criança se torne, futuramente, independente nas suas escolhas. Estando a maior parte do tempo na escola, é aí que a criança irá criar hábitos que se irão perpetuar ao longo da vida. Pelo que o melhor conhecimento sobre os alimentos e a alimentação será essencial para a prevenção de doenças crónicas tão bem conhecidas no país, como a obesidade infantil.

 

A obesidade infantil nas nossas escolas

Segundo o relatório da Organização Mundial de Saúde em 1997 a obesidade é definida como uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afetar a saúde. Uma vez instalada, tende a auto-perpetuar-se, constituindo-se uma doença crónica.
Antigamente a obesidade foi vista por muitos como uma doença do adulto. No entanto ao longo dos anos esse cenário tem-se vindo a alastrar para outras faixas etárias, nomeadamente nas crianças. Muitos são os valores percentuais crescentes de obesidade e excesso de peso verificados em todo o mundo nesta faixa etária, nomeadamente em idades pré-escolares e escolares. E Portugal não é exceção.
Muitos são os estudos que têm vindo a ser desenvolvidos pelo país, de modo a caracterizar o verdadeiro estado nutricional da nossa população infantil. Num estudo recentemente publicado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (2012), verificou-se que cerca de 17% dos meninos e 26% de meninas sofriam de obesidade infantil com apenas 4 anos de idade, estando igualmente associados a níveis de colesterol sanguíneo e pressão arterial altos. Já em 2011, saíam notícias sobre estudos que afirmavam uma prevalência de 33,0% de crianças Portuguesas, entre os 7 e os 9 anos, com excesso de peso, das quais 10,7% eram obesas. Pois a verdade é que em todo o mundo 50 milhões de crianças em idade escolar apresentam excesso de peso e 45 milhões são obesas. E uma delas pode ser o seu filho, já que uma percentagem significativa se encontra em Portugal.
E como é que a obesidade pode afetar a saúde do seu filho? Em vários aspetos, uma vez que esta se encontra fortemente associada a fatores de risco para doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos e distúrbios mentais. Para além disso, também se encontra associada a um baixo rendimento escolar e a baixa auto-estima.

 

Escola como auxiliar da prevenção

A escola é o local primordial para a obtenção e melhoramento dos hábitos alimentares dos alunos, através da aquisição de habilidades e conhecimentos práticos de alimentação saudável. Deste modo, a prevenção deverá ser feita desde idades precoces, sendo a escola responsável pela disponibilidade e acesso a um ambiente saudável.
No entanto, tem-se verificado que nem sempre a prevenção é conseguida nas escolas, observando-se algumas falhas por parte das direções, que se poderão tornar fator de risco para o seu filho. São elas:
  • Um decréscimo de horários e oportunidades de prática de atividade física, não se verificando, por vezes, o cumprimento dos 180minutos de atividade física semanal, recomendados pelo CDC;
  • Acesso a grandes quantidades e variedade de alimentos com uma densidade energética elevada a preços baixos;
  • Acesso a refrigerantes como substitutos da água;
  • Marketing e Promoção de alimentos energéticos publicitados nas escolas.
No entanto, há que sublinhar o esforço de muitas escolas no que diz respeito a alterações do ambiente escolar, tornando-o mais saudável em termos de alimentação. Hoje já podemos verificar uma ação pelo aumento de disponibilidade de fruta nas escolas; as refeições na cantina já são mais equilibradas, verificando-se um aumento de hortícolas no prato; os métodos de confeção das refeições são mais saudáveis em detrimento de fritos, entre outras ações.
Contudo uma questão fica no ar: porque é que os valores de obesidade e excesso de peso infantil continuam a aumentar? Será que a prevenção está a ser bem feita? Será que a alteração do ambiente escolar é suficiente?
Pois bem, aqui lhe deixo uma resposta, a escola sozinha não consegue realizar o trabalho todo. Para um programa de prevenção de obesidade infantil eficaz é necessário envolver alterações do ambiente escolar, família e comunidade, de modo que a combinação entre a educação alimentar e a atividade física regular tenha efeito. Não vale a pena um sistema de fornecimento de fruta para a escola quando a criança não a come. Se ela não tiver conhecimentos, por um especialista de saúde, sobre as vantagens de comer a fruta na escola, se não tiver a família e a comunidade a incentivar para tal comportamento, a fruta irá ficar lá. Pois se calhar é mais fácil ir comer o chocolate com abertura fácil do que descascar a casca da maçã.
É por isso que eu hoje quis refletir sobre este assunto neste mês de início das aulas. A escola é sem dúvida o pilar para o desenvolvimento de comportamentos saudáveis do seu filho. Por isso, não devemos pensar que as escolas apenas têm que mudar o ambiente escolar. Para além disso, devem ter um cuidado por cada criança que frequenta o estabelecimento de ensino individualmente. Dando atenção especializada à saúde do seu filho, através daquilo que come. Pois as crianças obesas de hoje serão adultos obesos, pais de filhos obesos de amanhã, porque não souberam o que é a educação alimentar. Por isso, escola, família e comunidade deverá em conjunto proporcionar aos seus filhos um bem-estar físico e psicológico desde o momento que este entra na escola. Neste estabelecimento seria primordial cada criança ter acesso a um gabinete de saúde onde especialistas (no âmbito da alimentação e psicologia) e professores de atividade física possam cuidar do seu filho. Pois a educação também pode dar saúde aos Homens de amanhã.

Referências:

Isabel Loureiro. A importância da educação alimentar: o papel das escolas promotoras de saúde. Educação Alimentar. Vol. 22, nº2 – Julho/Dezembro 2004; pp: 43-55.
WHO — Obesity : preventing and managing the global epidemic: report of a WHO consultation. Geneva : WHO, 2000 (TechnicalReport Series; 894).
YOUNG, I. — Education and health in partnership : conference report. In EUROPEAN CONFERENCE, Egmond Aan Vee, The
Netherlands, 25-27 September 2002 — Linking Education with the Promotion of Health in Schools. Copenhagen : European Network of Health Promoting Schools. WHO Regional Office for Europe, 2000.
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