Durante décadas o Santo Graal dos cientistas tem sido encontrar a forma de atrasar o envelhecimento humano. Já foram realizadas numerosas investigações com o objectivo de encontrar o elixir para a juventude e há pouco tempo a Sociedade Real (a Academia de Ciências do Reino Unido) reuniu os investigadores para uma conferência onde se mostrou os avanços conseguidos na luta contra o envelhecimento.
Os cientistas conseguiram identificar pelo menos dez mutações genéticas capazes de prolongar a vida de ratos até 50 por cento e que várias destas alterações estão relacionadas com a longevidade do ser humano.
Algumas empresas farmacêuticas já estão a investigar as descobertas na tentativa de criar novos medicamentos para a juventude.
Segundo Nir Barzilai, do Colégio de Medicina Albert Einstein de Nova Iorque, estes fármacos vão estar disponíveis muito mais cedo do que pensamos ser possível.
“Já vi pessoas que não têm apenas cem anos como também estão de excelente estado de saúde”, afirmou o cientista na conferência inglesa, que acrescentou: “Conduzem automóveis, pintam e dizem que a vida é bela. Por isso, tenho a certeza que somos capazes, como espécie, de viver cem anos ou mais se conseguirmos prevenir algumas doenças relacionadas com a velhice”.
A ideia de Barzilai é que um dia exista uma pílula para proteger contra os efeitos do envelhecimento e que talvez se possa começar a usar quando as pessoas tenham 40 ou 50 anos.
A chave para alcançar este objectivo, como explicou Barzilai à BBC, é classificar a velhice como uma doença que se possa prevenir.
“O ponto base desta investigação é estabelecer que o envelhecimento é um factor de risco importante de todos os distúrbios relacionados com a velhice, como Alzheimer, diabetes e doenças coronárias”, explicou o investigador.
Barzilai não vê grande sucesso a cura de uma doença apenas. Segundo o cientista, curar um paciente com uma doença coronária não serve de nada, porque esse mesmo paciente vai desenvolver Alzheimer, cancro ou outra doença relacionada com a idade.
A meta é conseguir que uma pessoa chegue aos cem anos sem sofrer problemas médicos.
“Todos envelhecemos a ritmos diferentes. Uma pessoa pode ter 50 anos e sentir-se com 40 e vice-versa. Portanto, a minha investigação centra-se naqueles que chegaram aos cem com um bom estado de saúde”, explicou Barzilai.
Os cientistas sabem que não podem meter uma marcha atrás no envelhecimento, mas sabem também que é possível atrasá-lo.
Isto foi demonstrado nos últimos 40 anos com o aparecimento de uma população extremamente velha em muitos países do mundo, graças a vários factores como a melhoria dos cuidados de saúde, o estilo de vida, a dieta e o meio ambiente.
No entanto, ainda não há uma grande preocupação com estes dados, nem a nível dos indivíduos nem tão pouco dos governos e dos sistemas de saúde.
Barzilai afirma que está a tentar-se criar medicamentos capazes de explorar factores genéticos relacionados com a longevidade.
O cientista apresentou uma investigação à Sociedade Real com os dados de um gene relacionado com o metabolismo do colesterol.
“Acreditamos que este gene aumenta os níveis de colesterol bom, algo que até agora não tínhamos conseguido de uma forma natural e que sabemos que atrasa o envelhecimento, porque o temos encontrado nas pessoas centenárias que estamos a estudar”, garante Barzilai.
Estão a ser testados medicamentos que imitam a função deste gene e os investigadores acreditam que, se se realmente confirmar que o aumento do colesterol bom previne ou atrasa doenças relacionadas com a velhice, o fármaco pode estar para breve ao alcance de todos.