A depressão é a perturbação psiquiátrica mais frequente em todo o mundo. Esta caracteriza-se por uma tristeza intensa, despoletada pela perda ou ocorrência de outro fato recente, desproporcionado à magnitude do fato, persistindo para além de um período justificado. Apesar de não se conhecer uma causa justificativa que provoque a depressão, enumeram-se diversos fatores que podem promover esta patologia. Entre eles destacam-se a predisposição familiar/hereditária; efeitos secundários de alguns tratamentos; a personalidade psicológica e social (ser introvertido) ou ter sofrido acontecimentos desagradáveis. Em termos biológicos, as hormonas são as grandes responsáveis por mudanças de humor (sobretudo em situações de pré-menstruação ou pós-parto). Alterações na função tiroideia podem também ser responsáveis por este quadro clínico. Sendo maior as alterações hormonais nas mulheres, este grupo é dos mais afetados. A verdade é que a depressão é uma doença delicada, não tendo, por vezes, nenhum fator ou causa justificativa identificada. O que torna complicado o seu tratamento.
A depressão em crianças tem sido associada positivamente com a obesidade e, em alguns casos com o aumento do IMC em adultos, enquanto a depressão em adolescentes tende a exacerbar a propensão para alterações de peso. Há dados científicos que comprovam que indivíduos deprimidos ou a sofrer de alterações de humor, não obesos no início da patologia, com o progresso da doença ao longo dos anos, acabaram por ter um aumento de peso em adultos. O que mostra uma resposta à patologia na comida, onde esta é símbolo de uma “ingestão de emoções alteradas”. Muitas vezes pode-se observar um consumo compulsivo de alimentos na refeição ou alimentos específicos, nomeadamente ricos em gordura e açúcar. É sabido, que o açúcar em quantidades moderadas pode auxiliar no bom funcionamento cerebral proporcionando bem-estar, contudo o seu consumo em excesso pode levar a um agravamento da patologia. Porém, a alimentação pode ajudar no tratamento da depressão. Apesar de não curar, muitos alimentos auxiliam numa sensação de bem-estar e “alegria” do organismo, tendo uma influência sobre a química cerebral.
A serotonina é uma hormona responsável pela sensação de bem-estar e boa disposição. Quando estamos perante um estado de depressão esta encontra-se com os seus valores no organismo diminuídos. Apesar de não estar presente nos alimentos, estes vão permitir a sua produção através de um aminoácido precursor desta hormona, chamado de triptofano, quando se encontra na presença de vitamina B6. Ou seja, é importante ter uma alimentação rica nestas substâncias.
E como podemos adquirir tais substâncias? Através de uma alimentação constituída por:
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Alimentos ricos em proteínas que são ricos em triptofano. São eles: as carnes magras em geral, o peixe, ovos, lacticínios magros e leguminosas.
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As carnes, os peixes, ovos e fígado são fornecedores ricos em vitamina B6. Contudo, também pode encontrar esta vitamina em quantidades razoáveis nos cereais integrais, amendoins, batatas, couve lombarda, ervilhas e bananas.
Outros nutrimentos parecem ter uma relação inversa com a depressão, onde a diminuição das suas concentrações no organismo parece agravar o quadro depressivo. Níveis baixos de zinco, vitaminas do complexo B e ácido fólico são encontrados em pessoas com esta patologia. Uma alimentação constituída por marisco, carnes magras, frutos secos, aveia, pão e outros cereais integrais, ovos, leite e derivados e legumes folhosos escuros permitem o aumento destes nutrimentos.
Em suma, estes alimentos para além de aumentarem os níveis de serotonina no organismo permitem um melhor funcionamento da transmissão nervosa, evitando, igualmente, a fluidez das membranas das células nervosas se esta alimentação for também ela rica em ómega 3.
Apesar de não ser responsável pela cura da patologia, a alimentação adequada pode ser um forte impulsionador para uma sensação de bem-estar e boa disposição, essencial para ultrapassar a depressão.