Uma gazela bebe água serenamente na orla da savana. Um som suspeito coloca-a alerta. Olha o horizonte com redobrada atenção e vê pelo meio dos arbustos o dorso de uma leoa.
Toma consciência de que ou foge ou terá que lutar, provavelmente até à morte.
Então, subitamente, uma força imensa invade-a e ela consegue correr a uma velocidade louca em movimentos rapidíssimos ondulantes…!
De onde lhe veio aquela força?
Da glândula supra-renal que libertou uma grande dose de adrenalina para a corrente sanguínea.
A adrenalina estimula todos os mecanismos que nos permitem sobreviver perante um perigo que coloca a nossa vida em risco. Como nos animais da selva, a adrenalina prepara-nos para fugir ou lutar: aumenta a força muscular, o batimento cardíaco, a rapidez de reação.
Esta é denominada a fase 1 da resposta da glândula suprarrenal ao stress.
Produção súbita de adrenalina, para fugir ou lutar, durante alguns minutos ou horas.
Imagine uma pessoa que está a elaborar uma tese doutoramento, ou a fazer uma reestruturação profunda na sua empresa, ou a preparar uma mudança de casa para outra cidade, ou a dar uma ajuda suplementar a uma pessoa que lho solicita, tarefa que acumula com todas as suas atividades profissionais e familiares habituais.
Estes são períodos de intensidade de trabalho excecionais que obrigam a gerir muitos fatores e imprevistos em simultâneo e que trazem alguma ansiedade acrescida e de forma continua por alguns meses.
Mas, uma força desconhecida vai permitindo, dia a dia, que seja capaz e se surpreenda!
De onde lhe veio essa força?
Da glândula suprarrenal que foi libertando cortisol em quantidades acrescidas para o seu sangue. O cortisol permite-nos “essa corrida de fundo”,
Esta é denominada a fase 2 da resposta da glândula suprarrenal ao stress.
A produção de um nível mais elevado de cortisol, ou a alteração do seu biorritmo mantendo-o elevado depois do meio-dia, permite-nos responder a muitas solicitações, durante alguns meses, habitualmente não mais de dezoito.
Agora imagine uma pessoa exigente e cumpridora, que adora o que faz, que agarra com determinação vários desafios ao mesmo tempo, que passa o dia a correr, que atende o telemóvel enquanto dá uma olhadela no e-mail, que nunca pára, que se esquece de comer, que rouba de forma sistemática horas ao sono, que não tem tempo para si própria, que não sabe dizer não porque se sente que deve responder a tudo e imediatamente.
Ou imagine alguém que vive sob ameaça física ou psíquica, invadida de medo, de forma muito prolongada.
Por razões diferentes, são pessoas que vivem em permanente estado de emergência.
Um dia, deixam de dormir, ou acordam tão cansadas como quando se deitaram, deixam de conseguir pensar e atuar da forma habitual, não se reconhecem a si mesmas.
Querem mas não conseguem, já não têm vitalidade que lhes permita continuar.
O que aconteceu, para onde foi a sua força?
A sua glândula suprarrenal entrou em exaustão.
Esta é denominada a fase 3 da resposta da glândula suprarrenal ao stress.
A glândula suprarrenal já não tem mais capacidade orgânica para produzir cortisol nem adrenalina de forma adequada.
Isto é o burnout, a doença dos CEO e de quem gosta tanto do que faz que não se dá conta dos sinais de alarme que o corpo vai dando e corre, corre com imenso entusiasmo até à exaustão.
O burnout é frequentemente confundido com depressão. Mas são situações clínicas em tudo diferentes, tanto nas causas, nos desequilíbrios das hormonas e dos neurotransmissores, como no tratamento.
Recuperar a vitalidade perdida
Para a recuperação do burnout é absolutamente necessário parar, descansar, recuperar a qualidade do sono, repensar as prioridades da vida, saber delegar e aprender a dizer não.
A toma de plantas adaptógenas, ómega 3, zinco e vitamina B6 podem dar uma ajuda preciosa.
A acupunctura, a SCENARtherapy e o equilíbrio do Mecanismo Respiratório Primário feito pela osteopatia, são terapêuticas complementares especialmente indicadas para recuperar a exaustão da suprarrenal e o burnout.
Por vezes, é necessário o recurso a fármacos.