Os distúrbios de ansiedade são bastante debilitantes e limitativos e vão muito além dos momentos pontuais em que nos sentimos ansiosos por algum evento que antecipamos ser mais stressante.
Uma pessoa com distúrbio de ansiedade apresenta uma resposta exagerada aos estímulos de perigo, pensamento negativo repetitivo, híper-excitação que resulta de estarem sempre em estado de alerta perante os estímulos internos e externos, e uma identificação forte com o medo.
Este padrão mental negativo causa um ativação do nosso sistema de reação de luta ou fuga que é bastante útil em situações de real perigo, mas em situações associadas a pensamentos repetitivos de medo do que poderá acontecer, causa uma híper-excitação psicofisiológica do organismo desproporcional à realidade externa.
Como consequência a pessoa sente-se constantemente ansiosa e em perigo.
Associada a ansiedade temos uma série de sintomas físicos como aumento da pressão arterial, problemas digestivos, enxaqueca, tremores, instabilidade (tonturas), palpitações, entre outros. A experiência constante destes sintomas pode ser muito debilitante e pode exacerbar todo o processo de ansiedade.
A terapia cognitivo-comportamental é uma das abordagens mais comuns no tratamento psicológico dos distúrbios de ansiedade. Nesta abordagem o terapeuta/psicólogo assiste o paciente na alteração do seu padrão de pensamento que normalmente está distorcido para refletir uma forma ampliada de alerta e medo.
Nas terapias baseadas no mindfulness o que se pretende é alterar a forma como se relaciona com os pensamentos que geralmente suscitam ansiedade, assim como os sintomas associados.
Mais especificamente, a pessoa aprende a centrar a atenção no momento presente da sua experiência notando as sensações que surgem no corpo quando sente a ansiedade.
Em vez de evitar, fugir ou bloquear a pessoa é convidada a criar espaço interno para estar com as sensações, observar a sua manifestação, intensidade e a qualidade impermanente das mesmas.
Da mesma forma, aprende a reconhecer os seus pensamentos e não se identificar com o conteúdo que eles apresentam, porque pensamentos não são fatos, mas apenas manifestações na nossa mente.
Este reconhecimento e observação das sensações do corpo e pensamentos em momentos de ansiedade permitem à pessoa largar a sua sobre-identificação com os pensamentos negativos, assim como as sensações de luta-ou-fuga que são desproporcionais à experiência presente.
O mindfulness permite uma maior regulação emocional da experiência reduzindo os sintomas de ansiedade.
Estudos demonstram que a eficácia das terapias baseadas no mindfulness são equiparáveis às terapias cognitivo-comportamentais, sendo o custo muito mais reduzido. Verifica-se que as terapias baseadas no mindfulness estão associadas a uma redução significativa dos sintomas de ansiedade, assim como sintomas depressivos associados à ansiedade.
Em países como E.U.A. e Inglaterra os médicos de família optam por referir os seus pacientes para terapeutas de mindfulness em vez da utilização de medicamentos ansiolíticos ou como tratamento complementar.
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, reconhecendo os benefícios na relação saúde/custos das terapias de mindfulness, criou uma lista de cursos de mindfulness financiados pelo Serviço Nacional de Saúde para os seus utentes.