Nicola Scopinaro desenvolveu no fim da década de 70 uma variante ao “Bypass” jejuno-ileal, a chamada Derivação Biliopancreática (DBP), criando um processo em que nenhum segmento do intestino delgado é disfuncionalizado, tornando os problemas hepáticos muito menos frequentes do que naquele.
Esta técnica apresenta dois componentes:
a) Um em que se remove uma parte do estômago (gastrectomia subtotal) que fica com uma capacidade reduzida e que vai de 200 a 500 cc.)
b) Um segundo componente corresponde à confecção de uma montagem intestinal em Y de Roux com um braço de Roux longo e com um canal alimentar comum curto de 50 cm de comprimento. Este componente induz induz malabsorção e mantém a perda de peso estável ao longo do tempo.
A grande vantagem desta operação é a capacidade de se poder ingerir grandes quantidades de alimentos e mesmo assim atingir uma excelente perda de peso ao longo do tempo.
A grande desvantagem é a regular presença de um número aumentado de dejecções (2 ou 3 por dia) com fezes moles, mal odorosas. Podem por vezes surgir úlceras da anastomose gastrointestinal ou “dumping”, como no bypass gástrico.
A complicação mais grave é a malnutrição proteica associada a hipoalbuminemia. A anemia, os edemas, a alopécia, as complicações neurológicas e a astenia são outras, menos frequentes, mas que por vezes obrigam à hospitalização para correcção nutricional por via parentérica ou mesmo a reintervenções de forma a ajustar melhor o comprimento da ansa absortiva para evitar o reaparecimento desse tipo de morbilidade.
No ano de 1988, Hess, descreveu uma combinação da Diversão Biliopancreática de Scopinaro e o Duodenal Switch descrito por DeMeester para tratamento da gastrite de alcalinos. Desenvolveu uma operação com as vantagens da diversão biliopancreática de Scopinaro, mas com menos problemas associados. É a DBP com “Duodenal Switch” ou, em português “Desvio Duodenal”.
Esta operação permite que a primeira porção do duodeno se mantenha no tracto alimentar reduzindo o número de ulceras do estoma. Combinada com gastrectomia linear de 70 – 80% da grande curvatura (o chamado “sleeve”) a continuidade da pequena curvatura é mantida reduzindo o volume gástrico, mas mantendo a função antropilórica de controle do esvaziamento gástrico. A este procedimento é associado um longo Y de Roux derivando a bílis , diminuindo assim a absorção de gorduras.
Esta técnica é apresentada por Hess e publicada por Marceau e tem por finalidade diminuir as complicações da diversão biliopancreática de Scopinaro, nomeadamente as úlceras da boca anastomótica e o sindrome de Dumping. As restantes características permanecem semelhantes parecendo ser a cirurgia bariátrica que melhores índices de Qualidade de Vida oferece.
As complicações mais frequentes da diversão biliopancreática são:
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Malnutrição proteica
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Úlceras do estoma
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Dumping
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Hemorróidas
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Oclusão intestinal
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Cegueira nocturna
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Desmineralização óssea
As duas últimas complicações podem aparecer ao fim de vários anos após cirurgia em doentes sem seguimento clínico e laboratorial e podem ser irreversíveis. Por isso, mais do que em qualquer outra técnica, estes doentes têm necessidade absoluta de um follow-up cuidadoso e regular. Pela sua maior complexidade técnica as DBP têm as taxas mais elevadas de complicações peri-operatórias e mortalidade que, consoante os centros varia entre os 1 e 2%.
Os resultados são sem dúvida os melhores de todas as técnicas, sendo a taxa de falência de resultados inferior a 2% e, por exemplo, a taxa de controlo total da diabetes superior a 90%, cifras que nenhuma outra técnica pode reproduzir.