As rotinas alimentares na família são diversificadas e os hábitos e atitudes a elas associadas têm vindo a ser alterados.
A abordagem ao tema Alimentação, numa perspectiva psicológica e sociológica, permite não só entender práticas alimentares como estimular um pensamento e uma atitude consciente sobre uma temática que vai além da perspectiva médica.
Sujeitos a um “desenvolvimento” massificado e armadilhados em compromissos tornamos o momento da refeição e os cuidados que ela exige em algo sem identidade e sensorialmente pouco estimulante.
Comer não é só um acto de razão!
É emoção, conforto porque através da comida partilhamos, criamos um espaço físico e emocional. É um momento de partilha regulado pela cultura e pelas relações familiares (e sociais) mas muito afectado pela forma de comer.
Perante a desculpa da falta de tempo e da oferta crescente de alimentos, sobretudo o pronto a comer, a comida torna-se frágil no seu significado acentuando assim a fragilidade individual e social.
A Comida, na família, pode ser entendida como forma de comunicação, reflete emoções e a sua estrutura.
Use algum do seu tempo para observar os rituais da refeição e preparação da mesma na sua família! Esses momentos existem? São as pessoas ou a comida os protagonistas? Ela respeita interesses individuais ou de grupo?
Sem (ou com) nostalgias do passado, quem se atreve a recordar o cheiro do bolo feito pela nossa mãe, do assado do domingo e das torradas ao pequeno-almoço? As receitas eram transmitidas e copiadas cuidadosamente, os sabores e os cheiros estimulados e memorizados. A ementa era pensada, as horas das refeições cumpridas, os lugares à mesa definidos, e “aquele” prato desejado.
Algumas verbalizações associadas à saudade por um prato cozinhado pela nossa avó, ou pela nossa mãe transmitem não só o prazer pela comida mas como a ligação afectiva com quem os cozinhava. Reflete memórias, a vivência de circunstâncias individuais na relação com os outros nomeadamente a família.
A comida existe para além do satisfazer uma necessidade biológica.
O agradar, o partilhar, marcar um momento, podem e devem estar presentes nesse ato tão natural e até como forma de garantir a estabilidade das relações familiares.
Ela expressa e constrói significados.Uma história de família é também narrada através da comida. Contemos e perpetuemos boas histórias!