O facto de sermos saudáveis ao longo da nossa vida, não depende só da genética. Factores ambientais e estilo de vida ocupam um lugar de destaque.
Mas quando se diz que a genética pode condicionar o processo de doença, o que é que isso quer dizer na prática? Damos 3 exemplos para que consiga perceber.
O nosso DNA é o que nos torna únicos e uma abordagem terapêutica ou de prevenção, que tenha em conta a nossa informação genética, é com certeza uma intervenção personalizada.
Hoje em dia já é possível saber que polimorfismos tem o nosso DNA e que cuidados devemos ter em consequência disso.
Polimorfismos são pequenas alterações que o nosso DNA pode ter e que não nos conferem uma determinada doença, mas que podem aumentar ou diminuir o risco.
A cor dos olhos é definida por um polimorfismo, por exemplo. O que quer dizer que há polimorfismos que são inofensivos.
VDR – gene do receptor da vitamina D
Alterações no gene VDR: VDR Nsm1 G>A e VDR Taq1 C>T
Apenas uma modificação de uma Guanosina por uma Adenina ou de uma Citosina por uma Timina atribui-nos risco aumentado de doença óssea. Quem possui estas alterações apresenta normalmente menor densidade mineral óssea, especialmente se a ingestão de cálcio for baixa (mesmo que normal-baixa). Existe também baixa reabsorção de fósforo e baixa absorção de cálcio. Para ingestões de cafeína acima de 300 mg/ dia existe maior perda óssea.
O que quer dizer que alguém sem estas alterações pode até conseguir ter uns ossos relativamente fortes sem uma muito grande ingestão de cálcio. Mas alguém com este polimorfismo é mais sensível a níveis baixos de cálcio e pode precisar de ingestões de vitamina D maiores. Da mesma forma 2 a 3 cafés (ou mais) por dia, podem prejudicar os portadores do polimorfismo.
O que fazer?
Medir a vitamina D e assegurar que o metabolismo ósseo não vai falhar por causa desse ponto, assegurar uma correcta ingestão de cálcio e não exceder 300 mg de cafeína diários.
Gene que participa na desintoxicação
Alteração no gene CYP Msp1 T>C
A desintoxicação tem 2 fases. Numa primeira fase os compostos são modificados e transformados em “pró-carcinogénios” para que numa segunda fase possam ser excretados.
Se estes “pró-carcinogénicos” ficam acumulados muito tempo e não são excretados podem gerar consequências – como aumentar o risco de cancro.
Esta alteração no gene do Citocromo 1A1 permite que esta enzima da fase I seja muito mais eficiente do que é normal, o que resulta numa maior presença de compostos “pró-carcinogénicos”.
A exposição a certos poluentes ambientais é muito mais prejudicial a alguém que tem este polimorfismo e a necessidade de antioxidantes é geralmente maior.
O que fazer?
Não fumar, evitar mesmo o fumo passivo, não comer alimentos carbonizados, não descuidar a ingestão de frutas e legumes, medir o stress oxidativo e ponderar suplementação antioxidante.
Gene da proteína de transferência de colesterol esterificado
Alteração: CETP 279 G>A
A CETP (proteína de transferência de colesterol esterificado) tem um papel fundamental no metabolismo do colesterol bom (HDL). Níveis elevados de CETP estão relacionados com níveis baixos de colesterol HDL, o que faz com que o excesso desta proteína seja um factor de risco para doenças cardiovasculares.
O alelo G está associado a maiores níveis de CETP e por consequência menores níveis de HDL e maior risco cardiovascular.
O alelo A está associado a níveis baixos de CETP e a menor risco cardiovascular.
Pessoas com o alelo A respondem muito pouco a terapia com Estatinas.
O que fazer?
Assegurar uma alimentação (ou ajuda com suplementação) rica em ómega 3 e baixa em colesterol. O exercício físico ajuda no aumento do colesterol bom e por isso possui um papel preponderante nos portadores do alelo G.
A única forma de sabermos qual é o nosso polimorfismo neste ou noutros casos é fazendo um teste de DNA. Há testes, por exemplo, mais direccionados para genes relacionados com o controlo de peso, com rendimento desportivo ou com a saúde em termos gerais. Se for bem acompanhado e aconselhado pode aprender muito sobre o estilo de vida que é mais saudável para si e que potencia os seus genes.
Enquanto não faz isso, tenha um estilo de vida saudável, faça exercício, alimente-se bem e relaxe.